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domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Sinto-me Mal com o Que Sou"


... para uma breve leitura da depressão infantil.


Em Amor de Perdição, obra recheada de afectos depressivos na sua expressão fundamental – a ameaça da perda do amor daquele que dependemos emocionalmente – Camilo Castelo Branco, escreve assim: “... no amor que nos dão, é que nós graduamos aquilo que valemos em nossa consciência...” . Eu acrescentaria, é na qualidade do afecto que recebemos, que avaliamos a nossa potencialidade para sermos amados.
Esta afirmação é acima de tudo fiel, quando é de crianças que falamos, uma vez que, é precisamente na infância em que mais dependemos da apreciação que fazem de nós, a qual é decisiva se tivermos em conta que, é nesta altura que os pilares, da nossa personalidade futura, se apoiam.
Quando somos pequenos, tudo aquilo que nos oferecem, todas as experiências relacionais a que estamos expostos confluem, e de que maneira, na representação interna que vamos fazendo de nós mesmos e, de nós na relação com os outros – assim, se as experiências forem valorizantes, gratificantes, vale dizer, de qualidade, cresceremos com uma imagem positiva, com um sentimento de segurança, confiança e valor pessoal, bem como, com a crença de que realmente, podemos partilhar a nossa interioridade, e também as nossas vivências com as outras pessoas, porque da interacção relacional poderá brotar algo criativo, prazeroso.
Se pelo contrário, as nossas primeiras trocas afectivas com o “mundo” forem frustrantes, desvalorizantes ou insuficientes em comparação com o que precisamos, formaremos uma imagem negativa de nós próprios, desacreditaremos nas nossas capacidades e, sentir-nos-emos em permanente inferioridade em relação às outras pessoas que, julgaremos sempre melhores que nós.
Mas então, porque razão nos construímos assim? A resposta é simples, ainda que em muitos casos, de complexa compreensão – é que, quando damos os nossos primeiros passos no palco relacional, aquilo que nos faz ficar de pé é a imagem que vemos reflectida nos olhos e actos daqueles de quem dependemos, assim, como o actor de profissão, precisa do aplauso e reconhecimento do público para continuar confiante a representar. Quer isto dizer, que gostamos de nós depois de termos percepcionado e sentido que alguém nos amou apaixonada e incondicionalmente – em pequenos, dependemos em grande grau da imagem que vemos reflectida no olhar espelhado do Outro!
A criança deprimida sente-se desinteressante, inferior, incapaz, pouco valorizada e apreciada, guardando dentro de si um imenso sentimento de infelicidade e, considerando-se responsável (por falta de atributos!) pela desilusão que julga ter causado aos seus pais, “por sentir não ser o filho que estes gostariam de ter”. Este aspecto, em alguns casos não é real, os pais gostam e desejam aquela criança, mas, não o expressam de forma a que esta o perceba. Daí as frequentes auto-depreciações como, “não consigo, não sei, não sou capaz, não sirvo para nada, os outros são melhores que eu,...” e, quando reina uma culpabilidade imensa, “não mereço, sou má, só faço os outros ficarem tristes....”. Toda esta comunicação está indubitavelmente, agrilhoada a um olhar apático, frágil, amedrontado ou, ávido, na esperança de poder receber algo de bom.
De salientar, que a depressão na infância não se expressa da mesma forma que a depressão no adulto, dependendo da idade de desenvolvimento com frequência se observam as seguintes máscaras da afectividade depressiva: na primeira infância, alterações alimentares e do sono (respectivamente, falta de apetite e a insónia ou hipersónia); perturbação do controlo dos esfíncteres (por exemplo, o fazer chichi à noite – enurese -, ou o cocó em alturas inapropriadas do dia – encoprese); queixas de dores de cabeça, abdominais sem causa física; em idade escolar as dificuldades na aprendizagem (problemas de comportamento, dificuldade em adquirir, reter, ou usar conhecimentos); os problemas de comportamento (instabilidade, hiperactividade, agressividade, furtos e mentiras ou, inibição e isolamento).

O antídoto para a depressão? Nada melhor que uma educação afectuosa, compreensiva, calorosa, na qual a criança se sinta acolhida e livre de exprimir o que deseja, mas, tal como, Pedro Strecht referiu, “... sem abdicar de marcar regras e limites, porque os sentimentos de falha afectiva ou insuficiência, podem ter origem quer no excesso de restrições e impeditivos de acção, quer na ausência dos mesmos. Sem os primeiros, as crianças não recebem o suficiente, sem os segundos recebem o suficiente, mas não lhes chega e falta sempre muito mais para o que esperam ou desejam...” .
Para uma criança feliz é, preciso tudo: saber amar, escutar, compreender, brincar, ralhar... é preciso encontrar a resposta justa e adequada em função desse pequeno ser e da leitura das suas necessidades ... . E acima de tudo, é preciso não esquecer que, tal como Camilo Castelo Branco escreveu e, eu completei, é a qualidade do amor que nos dão, que determina a nossa auto-imagem e, mais tarde a nossa capacidade de solucionar problemas e realizar adaptações.

Eliana Baptista

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Sobre o EBHM

EBHM são as iniciais dos nomes das duas Psicólogas Clínicas que deram vida a este espaço terapêutico. Eliana Baptista e Helena Mourão, licenciaram-se no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em condições pré-Bolonha. Embora já se conhecessem, foi após um reencontro proporcionado pela actividade profissional, que despertou a vontade conjunta de trabalhar em equipa.