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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

OLHANDO O LADO OCULTO DA ANOREXIA NERVOSA...


Neste artigo, pretendo falar-vos do lado recôndito, da face oculta daquela que é uma doença que tem vindo a preocupar crescentemente clínicos, pais e educadores, uma vez que, a sua incidência na população, especialmente em raparigas adolescentes, está a aumentar – refiro-me à Anorexia Nervosa, cujo inicio se esconde, entre outras características observáveis, por detrás do desejo intenso de emagrecer e, medo enorme de engordar.
É verdade que, fazer dieta tornou-se uma prática corrente, especialmente entre adolescentes, mas também, entre pessoas de idade inferior e, adultos, o que quer dizer que existe um desejo generalizado de emagrecer, de cuidar da aparência física, ou não se caracterizasse a sociedade actual pelo culto do corpo. Na maioria dos casos, esta insatisfação com o corpo e peso que se tem, esta vontade impressiva de os melhorar, é concordante com uma tentativa de alcançar, de se assemelhar o mais possível a um ideal estético, muito patente na cultura ocidental – o ideal de magreza!
É igualmente verdade que, a realização de dietas restritivas e a influência dos factores socioculturais, constituem dois dos principais desencadeantes da doença, mas esta, embora sendo tudo isto, não o é só, e porquê? Porque apesar da importância reconhecida da imagem estética idealizada e da restrição alimentar no despoletar da Anorexia Nervosa, a realidade é que por detrás destes factores, encontram-se mecanismos psicológicos – as suas causas – que justificam esta influência. Caso contrário, por um lado teríamos muito mais pessoas a sofrer da doença dado que, a realização de dietas restritivas não é invulgar, e por outro, paradoxalmente, a perturbação deixaria de existir assim que a pessoa alcançasse este ideal (e não é isso que acontece, a jovem ultrapassa em larga escala o peso e medidas corporais “socialmente” aconselháveis).
É nesta linha de sentido, que muitos autores referem que a preocupação com o corpo e peso, é superficial, vindo esconder preocupações mais profundas que se prendem com grandes fragilidades emocionais e relacionais, aquilo que acinzenta a personalidade e faz sofrer a pessoa com propensão à doença. Este mascarar das dificuldades de fundo, não é de forma alguma intencional, o transferir para o corpo, o mal-estar que é vivido psicologicamente na relação da pessoa consigo mesma e com os outros, traduz a impossibilidade de pensar, sentir e solucionar aquilo que constituem as verdadeiras problemáticas da doença.

De uma forma geral, estas pessoas sentem-se profundamente ineficazes e incompetentes, e estes sentimentos encontram-se espelhados em todas as áreas da sua vida. Sentem que não têm qualidades de amabilidade (de fazer o Outro gostar de si), consideram que só podem obter o afecto, a admiração e o respeito das outras pessoas se as agradarem, se lhes demonstrarem que os merecem. Não existe nestas pessoas, aquilo que é a plataforma dos sentimentos de auto-estima e autoconfiança – a crença na incondicionalidade do amor (gostam de mim, só e apenas por aquilo que sou).
O resultado de tudo isto, é uma vivência dedicada ao Outro, às suas vontades, expectativas e desejos, uma vida circunscrita à auto-imposição de um comportamento exterior perfeito, controlado e altamente rigoroso, no qual a pessoa não se permite falhar, desiludir, conhecer as suas próprias necessidades e emoções – deixando de existir (psicologicamente) em função daquilo que esperam de si - na derradeira esperança de ser gostada!
Na infância, a “prenda oferecida” aos pais eram os elevados resultados escolares, a obediência, a conduta exemplar, na adolescência e, porque existem agora os pares para agradar (dado o receio de não ser aceite, de não se integrar), o emagrecimento surge como a forma que encontram para serem motivo de interesse e admiração dos últimos.
Ora sabendo-se que, a magreza é factor de admiração na nossa sociedade, percebe-se que inicialmente, estas jovens se sentem mais confiantes, com a auto-estima ligeiramente insuflada, vale dizer mais competentes, menos inseguras, ao serem elogiadas pelas pessoas com que convivem. Mas, quando o emagrecimento se torna excessivo e, ao invés de ouvirem comentários gratificantes, ouvem opiniões menos positivas e de franca preocupação, aquilo que os outros pensam deixa de ter importância, assim como, evidenciam uma particular despreocupação relativa às consequências médicas graves decorrentes do estado de mal-nutrição.
É que nesta altura, não podem ou sentem não poder abandonar a função “vital” que a Anorexia Nervosa, vem ilusoriamente preencher: a realização de dietas, com a consequente perda de peso, vem dar a estas jovens um sentimento de competência e eficácia – sou capaz! – e, ao mesmo tempo vem enganar a inferioridade sentida em relação aos outros – controlo-me como ninguém, a minha disciplina e convicção não se encontram em todas as pessoas!
De facto, como Daniel Sampaio tão bem verbalizou, “A Anorexia Nervosa não é uma doença de dietas e calorias!”, a que eu acrescento – é uma doença dos afectos, por excelência. Dizia uma paciente: “ Não consigo ficar bem por mais que queira, não quero deixar as dietas, e se engordo outra vez? E se fico gorda, depois começa tudo outra vez... não, não consigo”, a que eu respondi, “Tem medo de voltar a sentir-se inferior, sem competências, porque de forma enganadora a Anorexia veio fazê-la sentir-se capaz, forte emocionalmente.”

Eliana Baptista

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Sobre o EBHM

EBHM são as iniciais dos nomes das duas Psicólogas Clínicas que deram vida a este espaço terapêutico. Eliana Baptista e Helena Mourão, licenciaram-se no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em condições pré-Bolonha. Embora já se conhecessem, foi após um reencontro proporcionado pela actividade profissional, que despertou a vontade conjunta de trabalhar em equipa.